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25 de janeiro de 2014

E no dia seguinte ninguém morreu...

Fábula retirada do livro as "As Intermitências da Morte" de José Saramago.

Era uma vez, no antigo país das fábulas, uma família em que havia um pai, uma mãe, um avô que era o pai do pai e aquela já mencionada criança de oito anos, um rapazinho. Ora sucedia que o avô já tinha muita idade, por isso tremiam-lhe as mãos e deixava cair a comida da boca quando estavam à mesa, o que causava grande irritação ao filho e à nora, sempre a dizerem-lhe que tivesse cuidado com o que fazia, mas o pobre velho, por mais que quisesse, não conseguia conter as tremuras. Pior ainda se lhe ralhavam, e o resultado era estar sempre a sujar a toalha ou a deixar cair comida ao chão, para já não falar do guardanapo que lhe atavam ao pescoço e que era preciso mudar-lhe três vezes ao dia, ao almoço, ao jantar e à ceia. Estavam as cousas neste pé e sem nenhuma expectativa de melhora quando o filho resolveu acabar com a desagradável situação. Apareceu em casa com uma tigela de madeira e disse ao pai, A partir de hoje passará a comer daqui, senta-se na soleira da porta porque é mais fácil de limpar e assim já a sua nora não terá de preocupar-se com tantas toalhas e tantos guardanapos sujos. E assim foi. Almoço, jantar e ceia, o velho sentado sozinho na soleira da porta, levando a comida à boca conforme lhe era possível, metade perdia-se no caminho, uma parte da outra metade escorria-lhe pelo queixo abaixo, não era muito o que lhe descia finalmente pelo que o vulgo chama o canal da sopa. Ao neto parecia não lhe importar o feio tratamento que estavam a dar ao avô, olhava-o, depois olhava o pai e a mãe, e continuava a comer como se não tivesse nada que ver com ocaso. Até que uma tarde, ao regressar do trabalho, o pai viu o filho a trabalhar com uma navalha um pedaço de madeira e julgou que, como era normal e corrente nessas épocas remotas, estivesse a construir um brinquedo por suas próprias mãos. No dia seguinte, porém, deu-se conta de que não se tratava de um carrinho, pelo menos não se via sítio onde se lhe pudessem encaixar umas rodas, e então perguntou, Que estás afazer. O rapaz fingiu que não tinha ouvido e continuou a escavar na madeira com a ponta da navalha, isto passou-se no tempo em que os pais eram menos assustadiços e não corriam a tirar das mãos dos filhos um instrumento de tanta utilidade para a fabricação de brinquedos. Não ouviste, que estás a fazer com esse pau, tornou o pai a perguntar, e o filho, sem levantar a vista da operação, respondeu, Estou a fazer uma tigela para quando o pai for velho e lhe tremerem as mãos, para quando o mandarem comer na soleira da porta, como fizeram ao avô. Foram palavras santas. Caíram as escamas dos olhos do pai, viu a verdade e a sua luz, e no mesmo instante foi pedir perdão ao progenitor e quando chegou a hora da ceia por suas próprias mãos o ajudou a sentar-se na cadeira, por suas próprias mãos lhe levou a colher à boca, por suas próprias mãos lhe limpou suavemente o queixo, porque ainda o podia fazer e o seu querido pai já não. Do que veio a passar-se depois não há sinal na história, mas de ciência mui certa sabemos que se é verdade que o trabalho do rapazinho ficou em meio, também é verdade que o pedaço de madeira continua a andar por ali. Ninguém o quis queimar ou deitar fora, quer fosse para que a lição do exemplo não viesse a cair no esquecimento, quer fosse para ocaso de que a alguém lhe ocorresse um dia a ideia de terminar a obra, eventualidade não de todo impossível de produzir-se se tivermos em conta a enorme capacidade de sobrevivência dos ditos lados escuros da natureza humana. Como já alguém disse, tudo o que possa suceder, sucederá, é uma mera questão de tempo, e, se não chegámos a vê-lo enquanto por cá andávamos, terá sido só porque não tínhamos vivido o suficiente. Pelos modos, e para que não se nos acuse de pintarmos tudo com as tintas da parte esquerda da paleta. há quem admita a hipótese de que uma adaptação do amavioso conto à televisão, após têlo recolhido um jornal, sacudidas as teias de aranha, nas poeirentas prateleiras da memória colectiva, possa contribuir para fazer regressar às quebrantadas consciências das famílias o culto ou o cultivo dos incorpóreos valores de espiritualidade de que a sociedade se nutria no passado, quando o baixo materialismo que hoje impera ainda não se tinha assenhoreado de vontades que imaginávamos fortes e afinal eram a própria e insanável imagem de uma confrangedora debilidade moral. Conservemos no entanto a esperança. No momento em que aquela criança aparecer no ecrã, estejamos certos de que metade da população do país correrá a buscar um lenço para enxugar as lágrimas e de que a outra metade, talvez de temperamento estóico, as irá deixar correr pela cara abaixo, em silêncio, para que melhor possa observar-se como o remorso pelo mal feito ou consentido não é sempre uma palavra vã. Oxalá ainda estejamos a tempo de salvar os avós.

28 de julho de 2013

Dica de Economia #5 (Passagens mais baratas)

Nunca fiz esta conta, mas acredito que cerca de 30% do custo total de uma viagem é despendido na passagem de avião ou no deslocamento. Estou agora no planejamento de uma viagem que vou fazer a Patagônia neste final de ano e com certeza o valor de deslocamento (Porto Alegre => El Calafate => El Chalten => Ushuaia => Porto alegre) será o maior custo que terei, mesmo fazendo acrobacias pra tentar diminuir este impacto financeiro.

O valor da passagem de avião é tão importante para tirar do simples desejo uma viagem e torna-lo uma realidade que monitoro passagens de avião para todos os lugares que desejo ir no curto e médio prazo. Isso que falei sobre o valor da passagem ser de suma importância para concretizar as viagens é tão certo que inicio contando duas experiências que tive onde pude colocar em prática a minha vontade de conhecer lugares bem legais no Brasil que foram fortemente motivados pelo processo de garimpar passagens baratas.

O primeiro foi minha viagem para a o Distrito Federal e Chapada dos Veadeiros. O fato de eu ter "esbarrado" em passagens realmente baratas de Porto Alegre a Brasília fez com que eu antecipasse uma viagem que há muito gostaria de ter feito: Conhecer o Distrito Federal ( e de lambuja visitei lugares incríveis na Chapada dos Veadeiros - GO). Lembro que quando identifiquei as passagens realmente baratas para o Distrito Federal, comuniquei quatro amigos meus, 100% deles responderam confirmado a presença na vigem. E além do mais, um deles ainda levou mais duas pessoas junto, ou seja, foram sete pessoas confirmadas (uma delas comprou a passagem, porém, por forças maiores, não pode ir). Tudo isso porquê? A passagem foi muito barata! Só pra entender, uma passagem Porto Alegre => Brasília custo de R$ 400,00 a R$ 600,00. No caso acabei esbarrando com uma passagem de R$ 200,00 ida e volta no carnaval... é sério!

O segundo caso foi uma viagem para Minas Gerais. Mesma coisa, esbarrei em passagens de ida e volta, em um feriadão, para Belo Horizonte, por apenas R$ 210,00. Não deu outra, fiz a proposta a um amigo e fomos conhecer Ouro Preto. Detalhe importante a ser mencionado, é que compramos a passagem sem março para irmos em setembro, ou seja, com seis meses de antecedência a data da viagem.

Como o objetivo do tópico é apresentar "Dicas de Economia" na prática hehehe vou apresentar a técnica que utilizo para monitorar as passagens de avião. Já mostrei esta técnica para alguns amigos meus e todos eles me dizem: "Então é assim que você consegue passagens baratas!?!?" surpresos com tal simplicidade e eficácia do método.

1º Passo - Você deve ter uma espécie de roadmap das viagens que quer fazer, ou seja, uma lista de lugares que queira visitar antes de morrer. Eu por exemplo, tenho no meu radar estes lugares pra visitar no médio prazo: Bonito, Rio de Janeiro, Córdoba, Santiago, Salvador e etc.

2º Passo - Relacione todos os feriados dentro de um ano (Você pode incluir o seu período de férias também!).

3º Passo - Defina um site de busca de passagens apenas para facilitar a localização de ofertas. No meu caso eu utilizo o Decolar, mas também pode ser utilizado o Submarino Viagens.

4º Passo - Realize a consulta para algum dos lugares que estão no seu roadmap em algum dos feriados que você identificou dentro do ano.

5º Passo - Salve a busca utilizando o Ctrl + D. Esse comando, na maioria dos browsers permite salvar a pagina que você está no favoritos. Sugiro também, criar pastas para organizar as pesquisas de modo a tornar mais fácil a abertura de todas as pesquisas de uma vez só!

6º Passo - Repita os passos 4 e 5 até acabar todas as combinações de lugares e feriados.

Pronto! Você tem uma relação de pesquisas a serem avaliadas na hora de decidir o lugar para ir com o menor preço! 

No início dá um pouco de trabalho, mas compensa na primeira promoção de passagem reduzida que você pegar ;) 


O exemplo que coloquei acima reflete muito bem o que tenho hoje no meu computador. Você pode ver que utilizo esta técnica não só para viagens, mas para compras, pesquisas, blogs que costumo olhar, sites culturais (teatro, casas de show e etc).

27 de julho de 2013

Humor Negro

Atualmente estou lendo o que possivelmente é o livro que mais impactou os rumos da biologia (e por que não dizer da religião também). Escrito por Charles Darwin, "A Origem das Espécies" é um clássico absoluto pois trata o assunto da seleção natural de maneira bastante didática, com exemplos bem interessantes sobre esta dinâmica natural a que os seres estão expostos desde a origem de tudo. Recomendo fortemente o livro, inclusive para aqueles que não eram bons alunos em biologia uma vez que as explanações de Darwin não envolvem termos absurdos e sim uma lógica. Baseado em mais de duas décadas de trabalho e sua a viagem pela América Latina com duração de cinco anos, o leitor é convidado a entender o que levou este e outros pesquisadores (sim haviam mais pesquisadores que estavam chegando a mesma conclusão que ele, veja Alfred Russel Wallace) a chegarem nas mesmas conclusões sobre o origem das espécies.


O objetivo deste post na verdade é: (i) indicar a leitura de "A Origem das Espécies" de Charles Darwin e (ii) comentar um evento um tanto quanto inusitado que aconteceu ao ler este livro.

Bem, apesar de ter carro ainda costumo ir ao trabalho utilizando transporte público e para tornar o deslocamento um pouco mais interessante, costumo ler algum dos mais de cem livros que tenho em minha estante. Neste momento, como já mencionei, estou lendo este clássico chamado "A Origem das Espécies" (Já citei o nome do livro acho que umas dez vezes) e ao estar lendo o livro deparei-me com um trecho que me fez passar vergonha dentro da condução. Comecei a rir, de uma história que não é engraçada, e dependendo do senso de humor do ouvinte/leitor não terá a menor graça. Enfim, adianto que tenho realmente um humor negro, gosto de piadas politicamente incorretas ou que tenham algum toque de ironia....

Pra poder entender melhor a mensagem que quero passar ai vai: Eu estava no primeiro capitulo do livro, capitulo este em que Darwin coloca as alterações originadas pelo homem sobre animais domésticos, ou seja, quando o homem deseja "misturar" certas raças com o objetivo de tirar proveito do que cada raça tem a oferecer. Um dos exemplos citados pelo autor é o que ocorre na criação de pombos, quando um animal apresenta uma variação que pode o tornar um diferencial para colecionadores de pombos, estes mesmos colecionadores "forçam" a procriação deste a fim de gerar uma nova espécie, diferente das demais (esta explicação sobre o trecho do livro é minha e posso ter um entendimento talvez que seja errado, mas enfim, continuando...), e explorar a sua utilização. O mesmo acontece com equinos, bovinos e etc. 

Quando Darwin começa a citar o exemplo dos cães domésticos, que também sofreram tais adaptações do homem para ajuda-los na caça e proteção, ele cita uma de suas experiências na Terra do Fogo (Patagônia), um dos lugares onde Darwin passou na América Latina ara realizar suas pesquisas, que exemplifica a importância dos cães nos primórdios dos seres humanos. Abaixo o trecho do livro:

"Caso haja selvagens tão bárbaros que nunca se tenham preocupado com o aprimoramento racial de seus animais domésticos, certamente todo o animal que lhes for útil por esta ou aquela razão será cuidadosamente preservado durante os períodos de fome ou de crise, aos quais os selvagens estão tantas vezes expostos. Nesse caso, esses exemplares assim selecionados deixarão, evidentemente, uma descendência maior que que a dos animais menos dotados, o que caracteriza a existência de um tipo de seleção aleatória realizada inconscientemente. Os selvagens da Terra do Fogo dedicam tão grande valor aos seus domésticos, que preferem, em época de fome, matar e devorar as mulheres velhas, pois as consideram menos uteis que os cães. Por essa atitude vemos o valor que os selvagens atribuem aos seus animais." 

Sim, eu dei algumas risadas dentro do ônibus após ler isto. Pode parecer machismo da minha parte achar graça disto, mas não é! Não sou nenhum um pouco machista, mas sempre que percebo alguma menina mais feminista em um grupo, procuro uma brecha pra contar esta história. Meu intuito não é o de humilhar e sim apenas ver a reação deste tipo de pessoa ao ouvir este tipo de história. Mas enfim, vou continuar lendo o livro, estou no capitulo 7! Caso eu encontre mais trechos como este, postarei aqui!

16 de março de 2013

As Aparências Enganam #2

Eu nunca pensei que eu iria dar continuidade a este post, mas vamos lá! Há um tempo atrás eu publiquei ESTE post com a foto de um cara bem conhecido no meio literário perguntando "quem era ele?". E ninguém acertou quem era, só sabiam que era realmente muito parecido comigo. Atualmente, depois da entrada do Facebook nas nossas vidas comecei a ser comparado com o Mark Zuckerberg, sim ele mesmo, o dono do Facebook. E não foi nem uma nem duas que ouvi falar: "Nossa tu é a cara do dono do face!!!". Pois bem, vos deixo uma foto (tentei pegar alguma das minhas fotos onde estou em uma posição parecida com a dele) para que façam a comparação.


Gostaria mesmo é de ter um conta bancária parecida com a dele hehehehe

Pela estrada afora... #5

No "Pela estrada afora" número cinco vou pronunciar poucas palavras. Porque desta vez quem tomou a frente no discurso para detalhar a viagem foi a minha amiga Anne. Fazendo uso do mochileiros.com ela dividiu com quem possa interessar o relato detalhado da viagem que fizemos para Chapada dos Veadeiros no último carnaval. Oferecendo dicas e atalhos pra quem curte um roteiro mais alternativo e quer fugir da loucura do feriadão.

Adianto somente, que o primeiro dia eu e mais uma amiga, não fizemos parte do grupo. No sábado tive a bela oportunidade de conhecer a capital nacional Brasília. Sobre Brasília ainda quero escrever um post inteiro sobre ela bem especifico em um livro que li que foi escrito por um grande amigo meu. Quem sabe ainda este ano hehehehe.

O relato, vos deixo AQUI para que se motivem a tomar este rumo que foi, no mínimo, excêntrico!!!!!

20 de janeiro de 2013

Cota diária de conhecimento

Um certo tempo atrás li uma das coisas que considerei mais interessante lidas por mim nos últimos tempos. Foi um trecho do livro "O Verdadeiro Poder" de Vicente Falconi. O livro por si só tem o objetivo de chamar a atenção dos empresários para a tal era do conhecimento , esta a qual estamos passando, porém, com um foco em gestão empresarial, abordagem a qual o Falconi ficou conhecido. Hoje decidi postar sobre este assunto lido a cerca de dois anos atrás e dividi-lo junto aos meus amigos e colegas (pessoas que acredito serem os únicos leitores deste blog) a fim de que possamos um dia discuti-lo em uma mesa de bar levemente embriagados.
Apenas a nível de informação, o conhecimento pode ser dividido em dois, são eles: tácito e explicito. A diferença báscia entre eles está na subjetividade. O conhecimento tácito, por exemplo, é extremamente difícil de ser formalizado, ou seja, quase impossível de passa-lo através de manuais, palestras, explicações entre outros. É preciso da vivência. Sua origem grega, tacitus, significa "não expresso por palavras". Já o conhecimento explicito é o tipo contrário ao tácito, ou seja, que é adquirido através de leitura, explicação, modelos e etc.Pois bem, neste livro que li o autor explica que temos uma quantidade máxima de conhecimento que podemos adquirir por dia... isso mesmo! Existe um limite de conhecimento que cada pessoa é capaz de assimilar, logo, se você atingiu a sua "cota diária" não adianta continuar. Vou tentar  explicar o gráfico: Existem duas curvas, uma que demonstra o potencial mental (este que nunca é atingido) e outro da curva real de aquisição de conhecimento. Percebe-se que há momentos da vida em que a aquisição de conhecimento é muito maior, segue um aumento quase que exponencial, e este momento é na infância e pré-adolescência onde começa-se o contato com o mundo e muitas lições são aprendidas.



Postei este assunto porque o acho muito interessante, pretendo retornar nele em outro momento pois aqui estou lidando de maneira muito superficial com um assunto que é muito complexo. Conforme eu for encontrando mais materiais vou postando. Espero que este assunto tenho feito parte da sua "cota diária de conhecimento" hehehehe. Abraço!